Uma Introdução Ao Primitivismo

Nota do autor: Esta não é uma declaração definitiva, meramente um relato pessoal, e procura em termos gerais explicar o que se entende por anarco-primitivismo. Não quer limitar ou excluir, senão prover uma introdução geral ao tópico. Peço desculpas pelas inexactidões, más interpretações, ou (inevitáveis) sobregeneralizações.


Que é o anarco-primitivismo?

O anarco-primitivismo (primitivismo radical, o primitivismo anti-autoritário, movimento anti-civilização, ou justo, o primitivismo) é um termo aquigráfico para uma corrente radical que critica a totalidade da civilização a partir de uma perspectiva anarquista, e procura iniciar uma transformação compreensiva da vida humana. Estritamente falando, não há uma coisa tal como o anarco-primitivismo ou os anarco-primitivistas. Fredy Perlman, uma das vozes importantes nesta corrente, disse uma vez, "Ao único 'ista' que respondo é ao de violoncelista". Os indivíduos associados com esta corrente não querem ser adeptos de uma ideologia, meramente pessoas que buscam tornar-se indivíduos livres em comunidades livres em harmonia uns com os outros e com a biosfera, e podem portanto recusar a ser limitados pelo termo "anarco-primitivismo" ou qualquer outra etiqueta ideológica.

No melhor dos casos, então, o anarco-primitivismo é uma etiqueta que convém ser utilizada para caracterizar indivíduos diversos com um projecto comum: a abolição de todas as relações de poder - por exemplo: estruturas de controle, coerção, dominação, e exploração - e a criação de uma forma de comunidade que exclua todas essas relações.




Então por que o termo anarco-primitivismo é usado para caracterizar esta corrente?

Em 1986, o círculo ao redor da revista Fifth State ("Quinto Estado") de Detroit assinalaram que estavam comprometidos em desenvolver uma "análise crítica das estruturas tecnológicas da civilização ocidental [,] combinado com uma revalorização do mundo indígena e o carácter das comunidades primitivas e originais. Neste sentido nós somos primitivistas…" O grupo Fifth State procurava complementar uma crítica da civilização como um projecto de controle com uma revalorização do primitivo, o que consideravam como uma fonte de renovação e inspiração anti-autoritária. Esta revalorização do primitivo fez-se a partir de uma perspectiva anarquista, uma perspectiva preocupada com a eliminação das relações de poder.

Apontando para uma "síntese emergente da anarquia pós-moderna e do primitivismo (no sentido original), e uma visão entusiasmada baseada na Terra" O círculo de Fifth State indicava: "Nós não somos anarquistas por si, mas pró-anarquia, o que é para nós uma forma de vida, uma experiência integral, sem nenhuma relação com o Poder e recusando todas as ideologias… Nosso trabalho no FS como um projecto explora as possibilidades para a nossa própria participação neste movimento, mas também trabalha para o redescobrimento da raízes primitivas da anarquia bem como na documentação da sua expressão actual. Simultâneamente, nós examinamos a evolução do Poder no nosso meio para sugerir novos terrenos para a contestação e a crítica para minar a tirania actual do moderno discurso totalitário - essa hiper-realidade que destrói o sentido humano, e consequentemente solidariedade, ao simulá-la mediante a tecnologia. Sublinhando todas as lutas pela liberdade nesta necessidade central: recuperar um autêntico discurso humano fundamentado na autonomia, mutuamente intersubjetivo e estreitamente associado com o mundo natural".

O objectivo é desenvolver uma síntese da anarquia primária e a anarquia contemporânea, uma síntese dos aspectos ecologicamente-focalizados, não estatais, anti-autoritários dos modos de vida primitivas com as mais avançadas formas da análise anarquista das relações de poder. O objectivo não é fazer uma réplica ou voltar ao primitivo, é meramente ver o primitivismo como uma fonte de inspiração, como exemplos de formas de anarquia.


Para os anarco-primitivistas, a civilização é um contexto no qual se desenvolvem a multiplicidade das relações de poder. Algumas relações de poder básicas estão presentes nas sociedades primitivas - e esta é uma das razões pela qual os anarco-primitivistas não procuram reproduzir estas sociedades - mas é na civilização onde as relações de poder acabam dominantes e arraigadas em praticamente todos os aspectos da vida humana e das relações humanas com a biosfera. A civilização - também referida como a megamáquina ou Leviathan- converte-se numa imensa máquina que ganha o seu próprio impulso e acaba fora de controle, inclusive dos seus supostos administradores. Fortalecida pelas rotinas da vida quotidiana a qual são definidas e administradas por padrões interiorizados de obediência, as pessoas tornam-se escravas da máquina, do sistema de civilização propriamente dito. Só uma rejeição generalizada deste sistema e as suas variadas formas de controlo, sublevando-se contra o próprio poder, pode abolir a civilização, e propor uma alternativa radical. Ideologias tais como o Marxismo, o anarquismo clássico e o feminismo opõem-se a aspectos da civilização; apenas o anarco-primitivismo se opõe à civilização, o contexto na qual as variadas formas de opressão proliferam e se tornam dominantes - e, por tanto, concebíveis.


O anarco-primitivismo incorpora elementos de várias correntes de oposição - consciência ecológica, anti-autoritarismo anarquista, críticas feministas, ideias Situacionistas, teorias do zero-work (zero-trabalho), criticismo tecnológico - mas vai além da oposição a determinadas formas de poder para recusar todas elas e propor uma alternativa radical.



Em que difere o anarco-primitivismo do anarquismo, ou outras ideologias radicais?

A partir da perspectiva do anarco-primitivismo, todas as outras formas de radicalismo aparecem como reformistas, ainda que elas se vejam ou não como revolucionárias. O marxismo e o anarquismo clássico, por exemplo, querem tomar a civilização, remodelar as suas estrutures em algum grau, e eliminar os seus piores abusos e opressões. De qualquer maneira, 99% da vida na civilização mantém-se sem mudança nos seus palcos futuros, precisamente porque os aspectos da civilização que eles questionam são mínimos. Ainda que ambos queiram abolir o capitalismo, e o anarquismo clássico abolindo o Estado também, sobretudo as pautas da vida não mudariam muito.


Ainda que possa ter algumas mudanças nas relações sócio-económicas, tais como o controlo dos trabalhadores da indústria e conselhos de bairro em lugar de Estado, e inclusive uma preocupação ecológica, as pautas básicas manter
-se-ão sem mudanças. O modelo ocidental de progresso seria meramente emendado e ainda actuaria como um ideal. A sociedade de massas continuaria essencialmente, com a maioria das pessoas trabalhando, vivendo em ambientes artificiais, tecnologizados, e sujeitos a formas de coerção e controlo.
 
As ideologias radicais na Esquerda buscam obter o poder, não aboli-lo. Por tanto, desenvolvem variadas formas de grupos exclusivos - quadros, partidos políticos, grupos consciencializados - de forma a ganhar seguidores e planear estratégias para aumentar o controlo.

As organizações, para os anarco-primitivistas, são justamente ferramentas para pôr uma ideologia particular no poder. A política, "a arte e a ciência do governo", não é parte do projecto primitivista; só uma política do desejo, do prazer, do mutualismo e da liberdade radical.



Onde, de acordo com os anarco-primitivos, se origina o poder?

Novamente, uma fonte de um debate entre os anarco-primitivistas. Perlman vê a criação de instituições impessoais ou as relações de poder abstractas como as que definem o momento no qual a anarquia primitiva começa a ser desmantelada pelas relações sociais civilizadas. Em contraste, John Zerzan localiza o desenvolvimento na mediação simbólica - nas suas variadas formas de números, linguagem, tempo, arte e mais tarde, agricultura- como os meios de transição da liberdade humana para um estado de domesticação.


O foco na origem é importante para o anarco-primitivismo porque o primitivismo procura, de uma maneira exponencial, expor, mudar e abolir todas as formas múltiplas do poder que estruturam as relações individuais, sociais, e as inter-relações com o mundo natural. Localizar as origens é uma maneira de identificar o que pode ser seguramente recuperado do naufrágio da civilização, e o que é essencial erradicar a começar se as relações de poder não comecem após o colapso da civilização.


 

Que tipo de futuro é imaginado pelos anarco-primitivistas?
O jornal anarco-primitivista "Anarchy: A Journal of Desire Armed" ("Anarquia: Um diário do desejo armado"), imagina um futuro que é "radicalmente cooperativo & comunitário, ecológico e feminista, espontâneo e silvestre", e isto será o mais próximo que possa conseguir de uma descrição! Não há ante-projecto, não há pautas prescritas, contudo é importante assinalar que o futuro imaginado não "é primitivo" em nenhum sentido estereotipado.


Como o Fith State disse em 1979: "Vamo-nos antecipar aos críticos, que nos acusariam de quereremos "voltar às cavernas" ou de um mero posicionamento teórico da nossa parte, por exemplo, desfrutando do conforto da civilização enquanto somos os seus críticos mais duros. Nós não colocamos a Idade de Pedra como um modelo da nossa Utopia [,] não estamos sugerindo uma volta à caça e colecta como um meio para a sobrevivência". Como um correctivo para esta interpretação errónea tão comum, é importante assinalar que o futuro imaginado pelos anarco-primitivistas é impreciso e sem antecedentes.. Ainda que as culturas primitivas forneçam indícios de como será o futuro, e este futuro pode muito bem incorporar elementos derivados daquelas culturas, um mundo anarco-primitivista será provavelmente muito diferente das formas prévias de anarquia.


 

Como vê o anarco-primitivismo a tecnologia?
John Zerzan define a tecnologia como "o conjunto da divisão do trabalho/produção/industrialismo e o seu impacto em nós e na Natureza. A tecnologia é a soma das mediações entre nós e o mundo natural e a soma daquelas separações que nos mediam um dos outros. É toda a farmacopéia e a toxicidade requerida para produzir e reproduzir o estado de hiper-alienação no qual definhamos. É a textura e a forma de dominação em qualquer dos estágios de hierarquia e dominação presentes". A oposição à tecnologia joga portanto um importante papel na prática anarco-primitivista. De todas formas, Fredy Perlman diz que "a tecnologia não é nada mais que o arsenal do Leviathan", as suas "garras e caninos". Os anarco-primitivistas são aqueles que se opõem à tecnologia, mas há algum debate sobre como central é a tecnologia para a dominação na civilização. Uma distinção deve ser feita entre ferramentas (ou utensílios) e tecnologia.


Perlman mostra que os primitivos desenvolvem toda classe de ferramentas e utensílios, mas não tecnologias: "Os objectos materiais, as canas e canoas, as ferramentas para cavar e paredes, eram coisas que um só indivíduo poderia fazer, ou eram coisas, como uma parede, que requer a cooperação de muitos numa ocasião particular… A maioria dos utensílios são antigos, e o [material] excedente (que supostamente estes utensílios fizeram possível] tem estado disponível desde o primeiro alvorecer, mas não deram lugar ao nascimento de instituições impessoais. As pessoas, os seres vivos, deixaram que surgissem ambos". As ferramentas são criações numa escala pequena, localizada, os produtos ou bens de indivíduos ou de grupos pequenos em ocasiões específicas. Como tais, não deram origem a sistemas de controle e coerção. A tecnologia, por outro lado, é o produto de um longo processo, encadeando sistemas de extracção, produção, distribuição e consumo, e tais sistemas adquirem a sua própria dinâmica e impulso. E como tais, pedem estruturas de controlo e obediência numa escala de massas - o que Perlman chama instituições impessoais.


Como o Fifth Stateinterconexões e estratificações das tarefas que constroem os modernos sistemas tecnológicos fazem necessários comandos autoritários e independentes, impossíbilitando a tomada de decisões individuais. "O anarco-primitivismo é uma corrente anti-sistema: opõe-se a todos os sistemas e instituições, abstracções, o artificial, o sintético, e o mecânico, porque isso incorporam relações de poder. Anarco-primitivistas, portanto, opõem-se à tecnologia e ao sistema tecnológico, mas não ao uso de ferramentas e utensílios nos sentidos que se indicaram aqui.


E quanto a quais formas tecnológicas seriam apropriadas num mundo anarco-primitivo, há um debate sobre esta questão. O Fifth State remarcou em 1979 que "Reduzindo aos seus elementos mais básicos, as discussões sobre o futuro devem ser sensíveis sobre o que desejamos socialmente e, portanto, isto determina qual tecnologia é possível. Todos nós desejamos aquecimento central, vasos sanitários e luz eléctrica, mas não

às custas de nossa humanidade. Talvez sejam possíveis juntos, mas talvez não".


E sobre a medicina?
Fundamentalmente, o anarco-primitivismo é sobretudo curar - curar as fendas abertas dentro dos indivíduos, entre as pessoas, e entre as pessoas e a Natureza, as fendas que se abriram através da civilização, através do poder, incluindo o Estado, o Capital e a Tecnologia.

O filósofo alemão Nietzsche disse que a dor, e a maneira como é tratada, teria que estar no centro de qualquer sociedade livre, e no que diz respeito a isto, ele esta certo. Os indivíduos, as comunidades e a própria Terra foram mutilados num grau ou em outro pelas relações de poder características de civilização. As pessoas foram mutiladas psicologicamente mas também fisicamente agredidas por males e doenças!... Isto não é sugerir que o anarco-primitivismo possa abolir a dor, os males e a doença. De qualquer maneira, as investigações revelaram que muitas doenças são os resultados das condições de vida civilizada, e que se estas condições fossem abolidas, então certos tipos de dor, males e doenças desapareceriam.


E para os que ficassem, um mundo que situa a dor como o seu centro, será vigoroso no seu empenho em acalmá-lo, encontrando maneiras de sanar os males e doenças. Neste sentido, o anarco-primitivismo está muito implicado com a medicina. De qualquer jeito, a alta-tecnologia alienadora, a forma farmaco-centrada da medicina praticada em Ocidente não é a única forma de medicina possível. A questão de em que consistirá a medicina num futuro anarco-primitivista depende, como no comentário anterior do Fifth State sobre tecnologia, no que é o possível e em qual é o desejo das pessoas, sem comprometer o modo de vida dos indivíduos livres em comunidades livres centradas ecologicamente. Como em qualquer outra pergunta, não há respostas dogmáticas a esta questão.


 

E sobre a população?
É uma questão controversa, largamente porque não há consenso entre anarco-primitivistas neste tema. Algumas pessoas argumentam que não será necessária uma redução da população; outros argumentam que será em razões ecológicas e/ou para manter os diferentes modos de vidas imaginados pelos anarco-primitivistas. George Bradford, em How Deep is a Deep Ecology? ("O quão profunda é uma Ecologia profunda?") argumenta que o controle das mulheres sobre a reprodução conduzir-nos-á a uma queda na taxa da população. O ponto de vista pessoal deste escritor é que a população precisará ser reduzida, mas que isto ocorrerá através de uma redução natural - por exemplo, quando as pessoas morrem, nem todas serão substituídas, e por tanto a população global cairá e eventualmente se estabilizará.


Os anarquistas têm longamente argumentado que num mundo livre, as pressões sociais, económicas e psicológicas para uma reprodução excessiva seriam substituídas. Teria outras muitíssimas coisas interessantes em marcha para engajar o tempo das pessoas! As feministas têm argumentado que as mulheres, liberadas dos constrangimento de género e da estrutura familiar, não serão definidas pelas suas capacidades reprodutivas como nas sociedades patriarcais, e disto resultaria níveis inferiores de população também. Por tanto a população seguramente baixará, queira ou não. Apesar de tudo, como Perlman elucida, o aumento da população é um puro produto da civilização: "um incremento estável no número de humanos [é] tão persistente como o próprio Leviathan. Este fenómeno parece existir só entre os seres humanos Leviathanizados. Os animais assim como as comunidades humanas em estado natural não proliferam ao ponto de empurrar todas as outras espécies fora do campo". Por tanto não há realmente uma razão para supor que a população humana não se estabilizará uma vez que as relações sociais Leviathanicas tenham sido abolidas e a harmonia comunitária seja reestabelecida.


Ignore as estranhas fantasias difundidas por alguns comentaristas hostis ao anarco-primitivismo que sugerem que os níveis de população imaginados pelos anarco-primitivistas deverão ser conseguidos com uma mortandade em massa ou ao estilo dos campos nazis de extermínio. Estas são apenas tácticas caluniadoras. O compromisso dos anarco-primitivistas com a abolição de todas as relações de poder, incluindo o Estado com todo o seu aparelho administrativo e militar, e qualquer espécie de partido ou organização, significa que tais matanças orquestradas ficam impossibilitadas como também os cenários horríveis.



Como poderemos trazer um futuro anarco-primitivista?

A pergunta premiada! (Para utilizar uma metáfora inteiramente suspeita!) Não há regras rígidas aqui, não há anteprojeto. A resposta fácil - vista por alguém como uma saída fácil - é que as forma de luta emergem no curso da insurgência. Isto é verdade, mas não é necessariamente de muita ajuda!. O facto é que o anarco-primitivismo não é uma ideologia que procura poder. Não procura capturar o Estado, tomar as fábricas, ganhar seguidores, criar organizações políticas, ou governar as pessoas. Pelo contrário, quer que as pessoas passem a ser indivíduos livres vivendo em comunidades livres que são interdependentes umas de outras e com a biosfera que habitam. Isto requer, então, uma total transformação, uma transformação da identidade, dos modos de vida, das formas de ser, e das formas de comunicação. Isto quer dizer que, as comprovadas intenções das ideologias que procuram o poder, não são relevantes para o projecto anarco-primitivista, que procura a sua abolição. Por tanto precisam de ser desenvolvidas novas formas de ser e de actuar, formas apropriadas para e proporcionais ao projecto anarco-primitivista. Este é um processo continuo e não há uma resposta fácil para a pergunta: O que deve ser feito?.


No presente, muitos estão de acordo de que comunidades de resistência são elementos importantes no projecto anarco-primitivista. A palavra "comunidade" é utilizada estes dias de toda e de maneiras absurdas (por exemplo, na comunidade dos negócios), precisamente porque a maioria das comunidades genuínas foram destroçadas pelo Capital e o Estado. Alguns pensam que se as comunidades tradicionais, frequentemente fontes de resistência ao poder, foram destruídas, pois criaram comunidades de resistência - comunidades formadas por indivíduos que têm como objectivo em comum a resistência - é uma forma de recriar bases para a acção. Uma velha ideia anarquista é que o mundo novo tem que ser criado sem a concha do velho. Isto significa que quando a civilização entrar em colapso - por causas internas, pelos nossos esforços, ou uma combinação de ambos- terá uma alternativa esperando ocupar o seu lugar.


Isto é realmente necessário como, na ausência de alternativas positivas, a ruptura social causada pelo colapso pode facilmente criar insegurança psicológica e um esvaziamento social no qual o fascismo e outros totalitarismos ditadores podem florescer. Para o autor, isto significa que os anarco-primitivistas precisam desenvolver comunidades de resistência - microcosmos (tantas quanto possíveis) do futuro que virá- tanto em cidades como no campo. Estas comunidades de resistência precisam de funcionar como bases para a acção (particularmente a acção directa), mas também como lugares para a criação de novos formas de pensamento, conduta, comunicação, e ser, e por ai vai, assim como novas direcções éticas - em resumo, uma nova cultura inteiramente libertadora. Precisam tornar-se lugares onde as pessoas possam descobrir os seus autênticos desejos e prazeres, e através da velha ideia anarquista da obra exemplar, ensinar aos outros com o exemplo de que modos alternativas de vida são possíveis. De qualquer maneira, há muitas outras possibilidades que precisam ser exploradas. O tipo de mundo imaginado pelos anarco-primitivistas é um mundo sem precedentes na experiência humana, em termos do grau e dos tipos de liberdade antecipadas… portanto não podem ter nenhum limite nas formas de resistência e de insurgência que possam possivelmente se desenvolv
er. O tipo de vasta transformação imaginada necessitara de toda espécie de pensamento e actividade inovador.



Como posso encontrar mais sobre anarco-primitivismo?
O Primitivist Network (PO Box 252, Ampthill, Beds MK 45 2ZQ) pode vos oferecer uma lista de leitura. Confira as publicações do grupo britânico Green Anarchist e os "zines" americanos Anarchy: A Journal ofDesire Armed e o Fifth State. Leia Against His-story, Against Leviathan ("contra a (sua) história - contra o leviatã") de Fredy Perlman, (Detroit: Black&Rede, 1983) o texto anarco-primitivista mais importante , e os livros de John Zerzan: Elements of Refusal (Seattle: Left Bank, 1988) e Futuro Primitivo (New York: Autonomedia, 1994)
.


Como posso me envolver com o anarco-primitivismo?

Uma maneira é entrar em contacto com o Primitivist Network. se enviar dois selos de primeira classe, receberá uma cópia da lista de contactos do PN e estará adicionado a ela. Isto coloca-lo-á em contacto com outros anarco-primitivistas. Algumas pessoas envolvidas com a Earth First! também vêem a si mesmos como anarco-primitivistas, e eles também estão procurando contactos.


Por John Moore

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